Ergue-te acima da multidão e afasta-te das nuvens negras, que é o limiar de todos os nossos medos. Descansa e conta contigo. Conta os teus segredos ás estrelas e pede-me um último desejo.
Há estranhas formas de acordar: a de hoje foi uma delas, pois estava pronta para dormir outra vez. Lá me levantei e abri a janela para ver se o mundo ainda era meu e fiquei com a sensação que ia ter razão outra vez. Vivo a vida como me convém, não ardendo nas mãos de ninguém. E a verdade é que as coisas vão mas voltam sempre para nós, de uma maneira ou de outra: inocente e trágica lição. Não vejo homens, medo, portas, estrada, mais nada para trás. E se uma vida não chegar, hei-de ter 100 vidas mais: quantas mais ditar o coração.
Foi como entrar, foi como arder, foi como mudar o mundo. O tempo foi passando e nós fomos aprendendo e ficamos com histórias para contar e feridas por sarar. Falas sem querer poupar o meu corpo, abraças o que de mais profundo há dentro de mim.
Não quis guardar coisas para mim. Eu dei mas foi para mostrar que quando não se recebe de volta, legitima-se o fim, nada impedindo a fonte de secar. Então, rapaz, porquê a raiva se a culpa não é minha? Eu tenho andado a pensar em nós já que os teus pés não descolam do chão.
Para ver, para dar, para estar, para ter, para ir, para ouvir, para sorrir, para entrar, para rir, para voltar, para crescer, para amar, para ser (o lugar), para viver, para gostar, para fugir, para mostrar, para dizer, para dormir (em paz), para fingir (acordar), para derramar, para tentar, para sentir, para mudar, para cair, para me levantar, para sempre mais.
Como é que sabemos? Como é que temos a certeza que as coisas acabam, quando não temos a noção do fim? Tentei de tudo e continuo a ver que não é reciproco: é como uma canção que só eu ouvi. E eu fiquei com tanto para dar e com tantos planos para depois. Fui virando as páginas: sem pressas, promessas ou arrependimentos, tirando de cada palavra todo o seu sentido. Tudo para chegar á conclusão que sentir é o expoente máximo da loucura: ora adoça a alma ou traz a mais dura amargura, como se fosse a cura e a doença ao mesmo tempo.
'Não vou procurar quem espero se o que quero é navegar pelo tamanho das ondas: conto não voltar. Parto rumo á Primavera que em meu fundo se escondeu; esqueço tudo do que eu sou capaz: hoje o mar sou eu! Esperam-me ondas que persistem, nunca param de bater; esperam-me homens que resistem antes de morrer. Por querer mais do que a vida sou a sombra do que eu sou. E ao fim não toquei em nada do que em mim tocou. Parto rumo á maravilha, rumo á dor que houver para vir; se eu encontrar uma ilha, páro para sentir. Dar sentido á viagem para sentir que sou capaz: se o meu peito diz 'coragem', volto a partir em paz. Eu vi, mas não agarrei'
Ao ver uma porta aberta, uma brecha no muro, um ponto fraco, claro que ele entrou. E pensou que aquilo estaria ali, assim, somente por causa dele. Para quê mentir, para quê esperar se eu já sei? Guardar o que sentimos dentro de nós não faz bem: há tanto que quer entrar, que temos que deixar algo sair.
Dá-me a tua mão: a vida é feita para nós. Sente o nervo da manhã, vê como vibra para ti: vai ditar o rumo da razão. O melhor é que aprendi a minha luta por aqui e voltei a pisar o chão. Nunca fui má para mim ou tão pouco para nós, pois foi assim que a vida me ensinou. O que eu quero mostrar ao mundo é tão forte e tão profundo que quase me afogo na emoção. Até que a força da razão mudou e não fui eu que a mudei: a vida tem pesos diferentes para nós. Foi tão bom para ti como foi para mim?
Foi mais um quarto, uma cama, e no meu sonho era tudo o que eu queria. Nada vai ser fácil, nunca nada o foi, e no que toca ao amor, a vingança sempre foi servida bem fria. Não foi assim que o tempo nos fez, mas fez assim com todos nós. E foi assim que a razão nos amou.
Eu vi que sou capaz de sentir e de pensar o que sinto; até de pensar e sentir o que penso. E isso faz-me bem e, consequentemente, faz bem áqueles que gosto. Mas valeu de alguma coisa? Tenho um mundo inteiro dentro de mim e ninguém a quem o dar. Até que apareces assim e acende-se uma luz: estou viva outra vez. Amar é bom se houver dentro de nós alguma solidão. E não calo a minha voz, pois eu sei que é bom de ouvir: vivo para isto até este sentir de pensar e o pensar de sentir morrer. E se eu não for capaz, espero ver isso em ti, pois sentir não é mostrar e dar não é sentir: é ficar em paz.
Dá-me notícias de ti: como passam os teus dias? Diz-me se a razão chega para nós vivermos, diz-me se o amor nos serve? Amor não dá que comer, mas alimenta a alma. Vou ficando assim, em todo o caso, vai pensando em mim. A eterna dúvida que me preocupa é se na verdade toquei alguém: se me chamas-te por algum motivo ou se simplesmente me viste e a tua vontade foi mais forte.
Quando se vai até ao fim é difícil voltar para trás. Agora há motivos para rir, procurar, racionalizar e encontrar sentido nas coisas que antes doíam. Vou amar para dentro até sentir que é altura de parar.
Corre um frio pela espinha quando sabes que já decidiste: e que essa decisão é errada, mas sabe bem. Com a camisa nova e o cabelo arranjado, os olhos pintados e os lábios brilhantes: vê se está bem assim. Bate muito mais que cocaína fazer loucuras assim. Tenho um foco mesmo em cima: será que me vou aguentar? Vesti alma e sentimento, pois não me mostro é toa.
O vendaval passou e a Primavera voltou: trocam-se flores, abraços e juras de amor em bancos de jardim. O Sol aconchega os corações e as pessoas cantam canções de maõs dadas em delírios febris.
Eu já disse que a vida pode ser tao mágica como nas histórias-de-encantar, nas músicas e nos filmes? Acho que sim, mas hoje venho mesmo reforçar essa ideia, pois queria mesmo ter a sorte das princesas, heroínas ou mesmo daquelas donzelas indefesas. Quero um princípe como o da Bela Adormecida, um herói como o Zorro, ou até um pirata como o Jack Sparrow. Com o teu galeão e uma garrafa de rum, eu podia ser tua e de mais nenhum. Quero ser a Julieta do D'Artagnan ou do Romeo, quero ser a Bella do Edward ou a Bonnie do Clyde. Quero alguém que volte sempre para mim.
Podes fingir que és feliz e senhor do teu nariz; podes-te encher de vaidade e mudar de dona á vontade; podes andar de braço dado com a tua nova namorada, que importa? Eu suporto essas dores, porque peranto o teu futuro rol de amores, eu sei que fui a primeira. Quando chegaste estonteado, vindo do nada, fui eu quem te abriu a porta. Sente o bater do meu peito que por ti tanto sofreu, o meu coração agora refeito terá para sempre poder sobre o teu.
Quando passaste por mim olhei-te de soslaio, mas o suficiente para perceberes que já te tinha topado. Vieste pedir-me para dançar e eu, sem saber porquê, aceitei. Cada passo teu compensava o meu, como se não tocássemos o chão. Todos os olhos estavam postos em nós: as minhas amigas riam e os teus invejavam-nos. Eu já não posso mais conter esta ansiedade de te ver, e não sei quase nada sobre ti. Nessa noite, pensei várias vezes que aquela aventura não passava de um golpe baixo, fantasia do meu pobre coração.
Eu nem sei se devia estar aqui á procura de nada mais do que um affair, um amor de aluguer para alguém cobarde e só. Logo cai a noite e tu cais nos braços de outro alguém.
Foi numa Terça-feira que eu vi aquele folhetim com as aulas de Jazz e de Ballet, sentada num banco do jardim. Foi aí que decidi que ia começar algo meu. Quem dança com alma, não erra. Em sonhos vou até ao Bolchoi, á Ópera e ao Salão de Milão. Colei gravuras e cartazes de bailado no meu quarto, á espera de um dia me ver assim.
Olha só os planos que eu tinha para nós: tardes lentas, tu deitado no meu colo ao sol quente do Outono, embalados pelo swing do baloiço da cadeira. Estragava-te com mimos e biscoitos, enquanto contavamos histórias de outras vidas.
A vida é barra dura e não poupa ninguém: cabe a nós pintar de azul os dias cinzentos. Não vou fingir que está tudo bem, mas também não sou de carpir mágoas; e só vou seguir os conselhos de quem conhece a minha estrada. E eu vou seguir: tenho todo um 2011 pela frente :)