sexta-feira, 30 de julho de 2010

Perguntar


Ele perguntou: 'O que é isso nos teus olhos?'. Sim, eu estava a chorar. Ele limpou a lágrima que caía. Ela respondeu: 'Por muito tempo tentei esconder. Choro porque preciso, não sei porquê'. Ele disse: 'Desculpa ter perguntado'. Depois beijou-me e as lágrimas pararam de cair.

Estar


Estou perdidamente e irrevogavelmente apaixonada por ti. Não percebo porque me fazes esforçar tanto.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Vez


Desta vez eu não sou tão inocente, tão furiosa, tão paciente, tão evidente ou tão eloquente. Decidi que não vale a pena chorar ou fingir quando as coisas continuam as mesmas. Não quero lutar por um sorriso. Quero voltar atrás, sem culpa, sem dor, pois essas coisas não são para mim.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sabes


Tu sabes porque é que eu comecei a correr, sem falar, sem parar?

Difícil


Tem sido difícil estes dias, para mim e para ti. Sempre que acordo penso: 'hoje vai ser um dia melhor, mais brilhante', mas nem sempre a razão fica do meu lado. Estes dias deveriam ser mais fáceis, chorava se pudesse.
O meu coração não deveria ser tão livre

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dar


Quero dar-te as respostas a todas as tuas perguntas e dizer-te o quento gosto de ti. Quero ensinar-te a confiar nos teus sonhos e instintos, e isso é só uma questão de tempo. Deixa todo o resto para trás. Toma esta aventura como o teu primeiro passo. Porque não tentamos, não quebramos todas as regras? Não precisamos de desenhar limites, pois tudo é perfeito quando os atravessamos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Trocar


Trocamos de margens sem ver, trocamos de imagens sem querer. O céu ficou azul, o Sol brilhou melhor.

terça-feira, 20 de julho de 2010

É


Já é noite e o frio está em tudo o que se vê. Já é noite e o chão é só terra para nascer, onde a água vai escorrendo entre as mãos, percorrendo todo o espaço entre a sombra e aquilo que restou para refazer a vida daquilo que o medo não matou. Em ti vejo o tempo que passou, vejo a força que moveu quando tudo parou em ti. Não há tempestade em ti, só aquela que me arrasta para ti, onde vou ficar. Pois onde tudo morre tudo pode renascer. Eu já descobri a casa onde posso adormecer, eu já desvendei o mundo e o tempo de perder. Aqui tudo é mais forte e tudo tem mais cor no céu maior. Já é dia e a luz está em tudo que se vê. Cá dentro não se ouve a chuva que cai lá fora. Na cidade que há em ti encontrei o meu lugar ...
...e é em ti que vou ficar

domingo, 18 de julho de 2010

Se


Quero saber se o que vem te dá razões para confiar e entender que eu te sei sarar, te sei fazer feliz. Hoje vou querer roubar-te outra vez. Porque eu sei que existir ao teu lado é bem melhor, e que depois da tempestade vem a bonança, e já sei de cor o espaço do teu corpo para o meu.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vou


Hoje vou chamar-te meu amor, contra as regras do que somos. É tanto fado contra nós, mas nem por isso estamos sós e embora fique tanto por contar, hoje vou chamar-te meu amor. Entre dentes e entre a fuga vou chamar-te meu amor. Enquanto não se encontra outra forma, vou chamar-te meu amor. Entre gente que é demais e tão pequena para saber que onde há tanto vento a favor e tão pouco espaço para a dor, só pode ficar tanto por contar. Hoje vou chamar-te meu amor.Por ser tanto quanto somos, certo quanto vermos, calmo quando queremos, vou chamar-te meu amor.

Hoje, só por ser diferente te encontrar; hoje, por ser eterno em nós

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fico


Fico tão furiosamente e desmanchadamente transparente e descontroladamente diferente. Gosto de estar aqui, não há espaço para esconder o fogo nem o corpo, e deixo-me escorregar. Olhas-me tão orgulhosamente, despida e destemidamente forte; no entanto, perigosamente desfeita no teu leito. Vês-me tão desprendidamente alta, inatingivelmente distante, escondida entre as luzes, tão forte. Tenta tirar-me daqui, já só quero descansar o corpo. E deixa-me flutuar, leva-me devagar.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Agarrar


Quis agarrar a ti o mar e o Sol, quis que o mar fosse maior e tocasse o Sol. Quis que a luz entrasse em nós, inunda-se o lado frio. Quis agarrar a tua mão. Quero agarrar a ti o céu e o chão. Quero ser feliz. Quis agarrar a ti o barco e os remos que usamos nas marés quando as ondas são de ferro. Quero agarrar a ti a praia e o sabor de chegar a terra. Porque o mar tocou o Sol e inundou o lado frio, porque o Sol ficou em nós e desceu o nosso rio, porque me deste a tua mão e não a largaste sem querer, vamos viver sem medo da dor. Vem amanhecer comigo e ver que o amor cura todas as feridas.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Foi


Como foi que abriste a porta? Como foi que entraste sem ligar? Como foi que vagueamos no espaço sem nada para pensar? Como foi que as dúvidas do teu mundo fugiram para longe? Quando foi que pensaste em voltar? Quando foi que adormecemos ao fim da tarde junto ao mar? Quando é que inventamos que a incerteza era razão para não ficar? Quando é que desviamos o veneno e inventamos um tempo? Quando é que do medo fizemos luz? Quando foi que o riso nasceu e o escudo cedeu? Quando foi que deixamos de respirar? Somos dois ramos novos a nascer juntos sobre a luz. Somos dois tempos frágeis para compor. Hoje apetece-me dizer que é bom ter-te comigo. Já não há medo de rir.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Saber


Como sabes eu não sei fugir nem vou mentir. Sentimos o veneno já tão perto da foz, mas sabemos que há imunidade em nós. Os lobos uivam mas nós dançamos mais alto. Vi-te logo quando entraste em casa, bem de perto. Vejo-te sempre que encosto o meu corpo no teu: frio de noite, junto ao Sol. Na praia há um barco á beira-mar, á espera da maré (como nós) ... É urgente navegar! Como sabes eu vou querer esperar até tu quereres voltar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Rasgar


Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou, vem que a água vai lavar o que me dói. Vem que nem o último a cair vai perder.
Tudo o que é meu é tudo o que eu não sei largar

terça-feira, 6 de julho de 2010

Qualquer


Há qualquer coisa de leve na tua mão, qualquer coisa que aquece o coração, há qualquer coisa quente quando estás, qualquer coisa que prende. Será a forma dos teus braços sobre os meus, ou o tempo dos meus olhos sobre os teus? Entras no meu sangue devagar e eu transbordo dentro de ti. Quero ver as cores que tu vês para saber a dança que tu és, quero ser o vento que te faz, quero ser o espaço onde estás. Deixe ser tão leve a tua mão para ser tão simples te encontrar. Vem quebrar o mundo, saber se há depois, sentir que somos dois mas que juntos somos mais. Tens os raios brancos puros do luar, sou eu quem sai do escuro para te ver e grito fogo para te ter.
Fazes muito mais que o Sol.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saudade


Saudade é o ar que vou sugando e aceitando como frutos de Verão nos jardins do teu beijo. Mas sinto que sabes que sentes também que um dia maior serás trapézio sem rede, e vais pairar sobre o mundo e tudo aquilo que vejo. É que hoje acordei e lembrei-me que sou feiticeira e que a minha bola de cristal é folha de papel. Desculpa de te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito ao Sindicato dos Deuses, mas não fui eu que te escolhi.
Se não te deste a ninguém, magoas-te alguém. A mim? Passou-me ao lado.

Toranja/adaptado

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Acontecer


Aconteceu. Foi por me teres feito cega que recordo o sabor da tua pele e o calor de uma tela que pintamos sem pensar. Ninguém perdeu enquanto estavamos despidos de passados e talvez foi de lados errados que nos conseguimos encontrar. Foi dança, foram corpos de aço entre guitarras que esqueceram amarras e se amarraram sem mostrar. Foi fogo que nos encontrou sozinhos e queimou a noite em volta: presos entre chamas acesas; presos feitos para soltar. E o suor que escorria no ar e no calor dos teus lábios inocentes mas sábios, no segredo do luar. Não vai acabar, vamos ser sempre a paixão, vamos ter sempre o olhar onde não há ningué, dei-te mais, valeu a pena voar! A noite veio acordar a guerra de sentidos travada no céu. Nem por um segundo largo a mão da perfeição do teu desenho, e o teu gesto no meu foi como um sopro estranho: Aconteceu! És noite e fogo em mim.

Estava escrito

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Noite


Noite é querer, é poder, é disfarce. Escuro é esconder, é guardar, é um livro escondido com papel para escrever. Há um cenário que manda dançar mais uma dança perdida, numa noite que lembra que festa é gritar, é ganhar, é correr, é fugir demais. Noite é chorar nos teus braços, ver os teus olhos, os teus traços, os teus lábios. Os meus passos em ti acabam, o meu fado é o teu fado, em ti eu acabo. Não dá para parar.