terça-feira, 19 de abril de 2011

Certo


Como podemos estar certos de que estamos certos? Como podemos saber que andar para trás é andar para trás? Ás vezes sinto que precisava de assitir a uma cimeira para saber. Em vez disso, decido sentar, parar, tomar um chá e esquecer: aliás, nem sou eu que estou na boca do canhão. Olha, um prémio Nobel para ti: promove a paz, sorri e volta amanhã para mim para eu te mostrar quem sou. Querer é poder e graças a Deus que os Homens querem e podem muito. Há dias em que preciso de respostas e certezas, de ajuda para ver o sentido da luta, pois fiz e dei tudo por tudo.
Estive á dez minutos atrás na varanda a observar a cúpula invisivel entre o céu e o enorme lego de betão e a senti-me uma inquilina passageira desta pensão de duas estrelas perdida na imensa cidade negra a que damos o nome de Universo. Curiosamente parece que é o único sitio que temos para passar a longa noite que nos espera. A vida é isso mesmo, um monte de gente a fazer de conta que se entende e ninguém sabe dizer o que viveu. Por isso nos pedem que caminhemos alegres para o precipicio sem questionar. Porque estaremos sempre longe. Mas longe rapidamente fica perto e perto rapidamente passa por nós. Eu não quero mandar-te para baixo. Mas eu sei que me entendes. Tu também tens medo, toda a gente tem. Só que normalmente inventamos montes de problemas para nos convencermos que estamos ocupados a resolver uma situação importante quando não tem importância nenhuma. Entretanto o tapete rola e nós irritamo-nos com uma inevitabilidade. E como eu e mais um milhão de sonhadores leva com ele muitos braços de outros, acéfalos, na lotaria dos ideais, descrentes beijando o número do bilhete. Mas devo dizer-te que a viagem é tua e não quero empurrar-te á força para a rua. Se eu falhar vou passar de Deus a carrasco, embalsamada e metida dentro de um frasco para te lembrares da mentira. Mas a verdade, é que ganhamos sempre.

E do que só parece o coração desiste

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