sexta-feira, 22 de abril de 2011

Falta


Se eu te largo, sinto a tua falta, mas se te agarro perdes a cor: tu não és dos meus dedos, és dos meus medos. Tento imaginar o que vais dizer á espera de aprender. Á face da rua existe a lua, mas não é a tua; á margem da estrada não há nada que te agrada, pois tu és o teu mundo, tu és o teu fundo, tu és o teu poço, és o mal, és o bem, és o dia que não vem: agora pára de fazer sentido. Vê que o meu coração ainda salta: quer e julga ser capaz; mas não o faço pelos meus medos, faço porque te tenho na ponta dos dedos e fico para ver o que tu fazes. Mas sem imaginar o que eu não fiz e á espera de viver á face de chama, que nos ama, pois á face do nada não há estrada. Tu és o teu preço, és a tua glória, tu és o teu medo, és uma parte da história, tu és tu sempre, mesmo quando pensas que és outra coisa e tu és mesmo bom a seres quem és; daí o teu motivo ser inapagável, daí o teu desejo ser incontornável, daí o teu valor ser inestimável. E se eu largar, é mais que certo que vou sentir a tua falta. E o prazer é tão maleável.

Vê que o Sol ainda brilha, ainda tem por onde arder: não é mau, não é bom; são razões para viver

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